Diabetes durante a gestação aumenta o risco em mais de 50% em desenvolver diabetes tipo 2 no futuro.

David Barker, já na década de 90, afirmava que as doenças crônicas não-transmissíveis não são um fardo genético da raça humana, mas sim o resultado de alterações epigenéticas que ocorrem na vida intrauterina.

O preparo para a gestação é muito importante para a mulher que deseja engravidar consiga prevenir complicações futuras.

O acompanhamento durante a gestação deve englobar inúmeros conhecimentos no mundo científico publicado nos últimos anos e atualizar a conduta atual. Dessa maneira conseguiremos mudar a saúde de gerações através de um acompanhamento adequado durante a gestação.

Pré natal adequado reduz riscos de complicações no parto e pós parto

Muitas mulheres idealizam o parto e amamentação mas esquecem do AGORA, ou seja, seu estado de saúde sofre GRANDE influência destes eventos sequenciais que são: parto, pós parto e amamentação.

Na maioria das vezes o que impede da mulher ter o parto de deseja são doenças como diabetes gestacional, hipertensão, anemia e desnutrição. Doenças que podem ser tratadas com um bom acompanhamento antes e durante a gestação, através da saúde mental, higiene do sono e alimentação adequada.

Ambiente intrauterino adequado

A qualidade de vida intrauterina tem relação positiva com o desenvolvimento fetal. Durante o período gestacional, a formação do sistema nervoso central está vulnerável a fatores do ambiente externo.

Quando oferecemos um ambiente intrauterino adequado não estamos favorecendo apenas a saúde materna, mas assegurando também o PLENO desenvolvimento do feto, e sua saúde para toda a vida.

Programação Metabólica

Programação Metabólica é um conceito de tudo que acontece durante a vida intrauterina e na lactação, e repercutir na vida adulta. Por exemplo, se a mulher ingerir álcool durante a gestação, poderá ter efeito tardio como retardo do desenvolvimento em decorrência dos efeitos do álcool sobre o cérebro do feto.

Esse conceito é atual e muito importante, visto ao aumento crescente de doenças crônico degenerativas como diabetes e hipertensão arterial sistêmica.

Pesquisadores do mundo todo estudam os efeitos sobre a exposição de fetos à toxinas ambientais como cigarro e excesso de açúcar (quando a mãe tem diabetes), deficiência de nutrientes e deficiência de ácidos graxos essenciais (ômega 3).

O que define a programação Metabólica

A epigenética é a denominação da influência do ambiente sobre nossos genes. O conceito dos 1.000 dias, utilizado pelas Sociedades de Pediatria do mundo, é baseado na epigenética e estende a programação metabólica até os dois anos de vida.

A gestante pode determinar a saúde do filho

A alimentação é como gasolina para um carro, assim como colocar combustível adulterado leva a problemas de má funcionamento no veículo, assim ocorre se a gestante tiver uma alimentação inadequada e insuficiente, pois o combustível que será fornecido na forma de nutrientes pode interferir no metabolismo do bebê.

Como a gestante pode garantir um ambiente favorável durante a vida intrauterina de seu bebê?

Procurar um ginecologista obstetra e um nutricionista materno infantil no mínimo 3 meses antes de iniciar as tentativas para engravidar, afim de realizar uma avaliação completa de saúde tanto da mulher quanto do homem, exames bioquímicos, investigação de doenças, uso de medicamentos, hábitos de vida como exercícios físicos e alimentação por exemplo, correção de deficiências nutricionais, além da mudança do estilo de vida, com a inclusão de alimentos mais saudáveis e específicos para essa fase e suplementação individualizada de acordo com os desfechos laboratoriais.

Diabetes

Aproximadamente 415 milhões de adultos apresentam diabetes mellitus (DM) em todo o mundo. Em média, 7% de todas as gestações estão associadas a esta complicação, resultando em mais de 200.000 casos/ano.

A prevalência de DMG no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil é de 7,6%, sendo que 94% dos casos apresentam intolerância diminuída à glicose e, apenas 6% deles, atingem os critérios diagnósticos para o diabetes não gestacional.

Diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica, caracterizada por hiperglicemia resultante de defeito na produção e/ou na ação da insulina.

Diabetes mellitus gestacional é definido como qualquer grau de intolerância à lactose, com início ou reconhecimento durante a gestação.

A resistência à insulina (RI) durante a segunda metade da gestação é resultado da adaptação fisiológica, mediada pelos hormônios placentários anti-insulínicos, para garantir o aporte necessário de glicose para o feto.

Alterações metabólicas no organismo materno são importantes para o desenvolvimento do feto. Porém, mulheres que engravidam com algum grau de resistência à insulina, sobrepeso, obesidade, associado à ação dos hormônios placentários anti-insulínicos favorece o quadro de hiperglicemia de intensidade variada, caracterizando o diabetes mellitus gestacional (DMG).

Em casos onde a mulher engravida já com algum grau de resistência à insulina, esse estado fisiológico de RI tende a se intensificar nos tecidos periféricos. Paralelamente, impõe-se uma maior demanda de produção de insulina, e a incapacidade do pâncreas em responder a RI fisiológica ou à sobreposta, favorecendo o quadro de hiperglicemia de intensidade variada, caracterizando o DMG.

Complicações DMG

A principal complicação fetal em mulheres com DMG é a macrossomia, associada à obesidade infantil e risco aumentado de síndrome metabólica (SM) na vida adulta.

Não só a macrossomia, mas também o crescimento intrauterino restrito estão envolvidos na gênese da SM e de seus componentes. O baixo peso ao nascimento se associa a risco aumentado para o desenvolvimento de hipertensão arterial, DM2, dislipidemia, obesidade central e, em decorrência, a SM na vida adulta.

A SM e o DM2 são doenças do metabolismo de mesma origem, apresentam a RI como base fisiopatológica e, naturalmente, o DMG é marcador de risco para o seu desenvolvimento.

O aumento de partos por cesárea é outra das principais complicações do DMG.

Outra complicação da hiperglicemia seria o incremento da diurese fetal, levando ao polidrâmnio, complicação que favorece a rotura prematura de membranas e a prematuridade.

A glicose materna passa para o compartimento fetal por difusão facilitada e, quando a mãe faz hiperglicemia, o feto também terá hiperglicemia.

Como o pâncreas fetal está formado e ativo desde a 10ª. semana, haverá resposta a este estímulo, com consequente hiperinsulinemia fetal. A insulina é hormônio anabolizante que, associada ao substrato energético hiperglicêmico, determinará a macrossomia fetal e todas as suas repercussõe, entre elas, o risco elevado de tocotraumatismos.

A hiperglicemia do meio intrauterino está associada ao aumento de radicais livres de oxigênio, responsáveis pela maior ocorrência de malformações fetais nessa população.

Ao nascimento, após a ligadura do cordão umbilical, o recém-nascido metaboliza rapidamente a glicose pelo excesso na produção de insulina e, como resultado, desenvolve hipoglicemia neonatal.

A hiperinsulinemia também interfere na produção do surfactante pulmonar, levando ao atraso na maturidade pulmonar fetal e, por este motivo, ao risco aumentado da síndrome de desconforto respiratório (SDR) no período neonatal.

O aumento da glicemia materna associa-se à maior concentração de hemoglobina glicada (HbA1c), que tem maior afinidade por oxigênio e favorece a hipóxia de graus variáveis. A resposta fetal à hipóxia é o aumento na produção de glóbulos vermelhos e, consequentemente, a poliglobulia.

A pletora fetal é responsável pela maior ocorrência de icterícia neonatal, risco aumentado de kernicterus e trombose de veia renal. Assim, esses recém-nascidos estão expostos a risco aumentado de morbimortalidade.

COMO PREVENIR COMPLICAÇÕES DURANTE À GESTAÇÃO

A maternidade é o sonho de muitas mulheres e nenhuma delas espera ser diagnóstica com alguma doença durante a gestação. Qualquer complicação durante a gestação resultará num abalo emocional e psicológicos dos futuros papais.

Por isso, fazer um acompanhamento pré-natal multiprofissional é extremamente importante, afim de reduzir o risco de morbimortalidade materno-fetal.

Rever os hábitos alimentares e estilo de vida de modo geral antes mesmo de engravidar (pelo menos 3 meses antes de iniciar as tentativas) se torna primordial para uma gestação saudável e sem complicações.

Muito além da montagem de um cardápio, como nutricionista materno infantil tenho o dever de guiar a gestante através da nutrição comportamental a manter uma alimentação balanceada durante toda a gravidez, visando diminuir a exposição de toxinas alimentares e ambientais, garantindo bem estar materno e fetal e trazer informações específicas dessa fase que a paciente está vivendo e como se preparar para as próximas como é o caso do puerpério e amamentação.

E DEPOIS?

O diabetes gestacional, geralmente, desaparece quando a gravidez termina, mas os cuidados com a saúde devem continuar para a vida toda.

Isso porque mulheres que tiveram diabetes durante a gravidez têm mais que 50% de chances de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro, doença que está associada à obesidade, ao sedentarismo, entre
outros fatores.

É muito importante fazer o pré-natal e manter o peso ideal e a saúde em dia. Seja qual for o tipo de diabetes, é importante buscar informação de qualidade, conversar com a equipe de saúde e procurar o bem-estar físico e emocional. Seguindo o tratamento direitinho, é possível dar à luz um bebê saudável.

Será um prazer te acompanhar

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