
O excesso de peso causa desequilíbrios hormonais, favorece o aparecimento ou agravamento de Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e no aparecimento de Câncer. Além de atrapalhar na concepção natural, diminui a eficácia das técnicas de reprodução assistida.
De acordo com Dr. Jan Willem van der Steeg, mulheres obesas, apesar de terem, de igual modo, ciclos regulares, têm menos probabilidade de engravidar. Segundo o estudo, a leptina aparece como responsável pela infertilidade. A quantidade desse hormônio aumenta proporcionalmente ao ganho de gordura corporal. Por isso, poderia intervir na produção de esteroides nos ovários e diminuir as possibilidades de fertilização.
A leptina é um peptídeo que desempenha importante papel na regulação da ingestão alimentar e no gasto energético, gerando um aumento na queima de energia e diminuindo a ingestão alimentar, resumidamente: diminui o apetite.
Muitos estudos já demonstraram um impacto negativo do excesso de peso sobre a fertilidade, levando a mulher a não ovular, ter uma menor resposta ovariana, menor qualidade do óvulo, do embrião e endométrio, além taxas de implantação mais baixas e um aumento do risco de abortos. A razão disso é multifatorial e se devem a uma série de alterações causadas pela obesidade pela alteração de secreção de hormônios, resistência a insulina e produção de proteínas envolvidas no processo de reprodução.
OBESIDADE

Segundo o Ministério da Saúde, dados de 2015 demonstram que 51% dos brasileiros estão acima do peso, sendo que 48% das mulheres têm obesidade e metade delas está na fase reprodutiva. Em 2006, este percentual era de 43%. Homens ainda são a maioria, 54%, mas entre as mulheres, o índice chega a 48%.
O percentual de pessoas com excesso de peso superou, pela primeira vez, mais da metade da população brasileira. É uma verdadeira epidemia! Isso é muito preocupante, pois ter excesso de peso afeta vários sistemas do organismo, prejudicando, inclusive, a fertilidade. Os efeitos negativos da obesidade sobre a fertilidade são conhecidos há muito tempo.
Hipócrates, o médico mais famoso na Antiguidade, escreveu sobre mulheres portadoras de excesso de peso:
“As pessoas de tal constituição não conseguem procriar. Gordura e flacidez são os culpados. O útero é incapaz de receber o sêmen e elas menstruam infrequentemente e pouco”.
Na maioria das vezes, avalia-se a obesidade através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Ele é feito da seguinte forma: divide-se o peso (em Kg) do paciente pela sua altura (em metros) elevada ao quadrado (Figura 1).

De acordo com o padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quando o resultado fica entre 18,5 e 24,9, o peso é considerado normal. Entre 25,0 e 29,9 sobrepeso, e acima deste valor, a pessoa é considerada obesa (Tabelas 1 e 2). O sobrepeso é quando há mais gordura no corpo do que o ideal para uma vida saudável. A obesidade se dá quando o acúmulo de gordura é muito acima do normal, podendo gerar até problemas graves de saúde. A obesidade mórbida é quando o valor do IMC ultrapassa 40.

EXCESSO DE PESO E INFERTILIDADE

A gordura tem enzimas que participam da síntese hormonal do organismo. Normalmente, quando nosso peso é normal, há equilíbrio entre a secreção de estrogênios, androgênios e outros hormônios relacionados com o metabolismo e a fertilidade.
Entretanto, na presença de sobrepeso e obesidade, a enzima aromatase do tecido adiposo é capaz de converter grande quantidade de estrogênios em androgênios, promovendo um desequilíbrio hormonal. Esse processo leva à alteração da secreção de FSH e LH pela glândula hipófise (localizada na cabeça).
O IMC ideal é entre 18,6 – 24,9, acima ou abaixo disso podem ter sua fertilidade prejudicada. Alguns estudos demonstram que homens com IMC maior do que 25 têm maior índice de fragmentação do DNA do espermatozoide, o que pode levar a falha no processo de fertilização. A obesidade masculina pode levar ainda a alterações hormonais. Ela está relacionada à redução da testosterona, o que pode levar a redução de libido e a problemas de ereção.
As mulheres com peso acima do normal podem ter menstruações irregulares ou até mesmo não menstruarem e nem terem ovulação. Isto ocorre porque, uma vez que o hormônio estrogênio é produzido no ovário e no tecido gorduroso, ao haver gordura demais, o corpo produz mais estrogênio, interferindo assim no ciclo menstrual e na ovulação além de levar a resistência insulina, hormônio que está relacionado ao crescimento folicular e produção de estradiol pelos ovários.
Além de dificultar a ovulação, as alterações hormonais causadas e a resistência a insulina levam a alterações nas células dos folículos, alterando a qualidade do óvulos. Essas alterações metabólicas aumentam ainda os radicais livres, também associados à má qualidade dos óvulos.
Possíveis consequências de uma gestação com excesso de peso:

- Distúrbios hipertensivos;
- Ganho excessivo de peso;
- Abortamento;
- Diabetes gestacional;
- Parto prematuro;
- Trabalho de parto prolongado
- Maior incidência de parto por cesárea
- Macrossomia fetal (peso fetal estimado a ultrassonografia > 4 kg) ou restrição de crescimento intrauterino;
- Trombose;
- Complicações relacionadas ao parto cirúrgico (infecção e sangramento);
- Dificuldade com a amamentação (pós-parto).
OBESIDADE E INFERTILIDADE EM HOMENS

Estima-se que um a cada 20 homens apresente algum problema de infertilidade. O peso interfere diretamente na produção (quantidade, mobilidade e qualidade) de espermatozoides e na qualidade (pH e concentração) do esperma, pois altera os níveis de hormônio: menor produção de testosterona, que pode causar perda da libido e dificuldade de ereção, e aumento do estradiol, que afeta os espermatozoides.
Quanto maior o sobrepeso ou obesidade, menor é a qualidade do esperma. Comparada à de um homem saudável, a concentração de espermatozoides em um com sobrepeso é cerca de 10% menor, podendo chegar a 20% em homens obesos. Além da quantidade, a mobilidade dos espermatozoides também é inferior.

OBESIDADE E INFERTILIDADE EM MULHERES

Do mesmo modo que a obesidade interfere na produção hormonal dos homens, também prejudica os hormônios femininos. O excesso de gordura atrapalha tanto a produção quanto a metabolização do estrogênio, acarretando em problemas de ovulação. A SOP (Síndrome do Ovário Policístico) é mais comum em mulheres acima do peso ideal, que também apresentam mais disfunções nas tubas uterinas e no endométrio. A qualidade ou ausência de óvulos é uma consequência das disfunções hormonais causadas pelo sobrepeso.
Além da infertilidade, mulheres obesas têm três vezes mais complicações obstétricas que as sadias e o dobro de risco de aborto espontâneo e de prematuridade. E no pós-parto, a obesidade ainda pode causar ou agravar síndrome metabólica, doenças cardíacas e diabetes, segundo dados do estudo Female obesity: short- and long-term consequences on the offspring. O estudo afirma, ainda, que filhos de mães com sobrepeso ou obesidade têm 40% mais chances de sofrerem com excesso de peso que bebês de mulheres com IMC abaixo de 27.
Alimentos que dificultam uma mulher engravidar

Se a gente não se alimenta com O QUE é bom (alimentação correta), não teremos tanta saúde assim, não teremos tanta qualidade de vida e consequentemente a nossa fertilidade vai embora antes do tempo (tanto da mulher quanto do homem)
1. Café

O café é uma das bebidas mais populares do mundo e muitas mulheres gostam. Porém, o consumo excessivo pode diminuir as chances de fertilidade. Por ser uma bebida que contém cafeína, acaba favorecendo o desequilíbrio hormonal, podendo afetar os níveis de estrogênio, progesterona e cortisol no corpo, assim, prejudicando a fecundação.
Além disso, o café pode interferir na absorção de nutrientes importantes para a fertilidade, especialmente, se consumido após grandes refeições, como o almoço por exemplo.
Dicas importantes para driblar o ritual do cafezinho e não ter tanto prejuízo na fertilidade são:
- Aguardar em torno de uma hora após acordar para fazer o consumo;
- Evitar tomar logo após almoço ou jantar e evitar tomar após às 14:00;
- Outra opção seria consumir o café descafeinado, com extração à base de água.
2. Álcool

O álcool também faz parte dos alimentos / bebidas que você deve evitar se deseja engravidar. Ele pode prejudicar a ovulação e também a qualidade dos espermatozóides, dificultando a gestação.
Outro fator importante é que o consumo excessivo de álcool aumenta os riscos de malformações congênitas e outros problemas de saúde.
Nesse sentido, se você deseja engravidar é recomendável evitar o consumo de bebidas alcoólicas completamente.
3. Açúcar

O açúcar também é outro alimento inimigo na tentativa de engravidar. Os alimentos ricos em açúcar afetam os níveis de insulina no corpo, causam desequilíbrios hormonais, propiciam o surgimento de diabetes e aumentam o risco de obesidade.
Por conta de tudo isso, se você deseja se tornar uma mamãe, busque consumir sucos naturais e outras bebidas que não contém açúcar.
4. Alimentos ultraprocessados e gordurosos

Além de serem prejudiciais para a saúde de todas as pessoas, as comidas ultraprocessadas e com alto teor de gorduras trans não são indicadas para a mulher que deseja engravidar.
Isso porque, além de interferir na fertilidade, causam diversos outros problemas à saúde, especialmente no desenvolvimento de doenças, como o câncer, com mais facilidade.
Dessa forma, evite ao máximo o consumo desses tipos de alimentos e busque realizar uma dieta equilibrada e rica em nutrientes.
5. Carnes vermelhas
Carne vermelha em excesso atrapalha no processo de fertilidade. É recomendável evitar o consumo de alimentos gordurosos. A carne vermelha tem um alto teor de gordura, por isso, é importante que você consuma com muita cautela.
Além disso, ela tem maior potencial oxidativo, o que também contribui para prejudicar sua fertilidade.
Uma boa recomendação é substituir por carnes magras ou até mesmo consumir mais peixes e proteínas vegetais.
Deseja engravidar? Consuma mais frutas, legumes e vegetais!
TRATAMENTO

Caso uma pessoa obesa esteja no processo de gravidez, o mais indicado é realizar mudanças de hábitos.
É importante adotar uma dieta saudável, rica em frutas, legumes e proteínas; fazer atividades físicas regularmente para queimar calorias e melhorar a saúde cardiovascular; buscar ajuda profissional, especialmente de um nutricionista para auxiliar nessa etapa de modificação de estilo de vida.
Se você se enquadra em alguma das condições que comentamos até aqui, entenda que a obesidade não anula totalmente as chances de gravidez, porém pode interferir no processo.
Caso tenha interesse de se consultar com um profissional da área de nutrição e fertilidade, aproveite para entrar em contato para agendar uma consultoria gratuita. Será um prazer ajudar nessa mudança!
Quais alimentos podem ajudar na fertilidade?

Para melhorar a fertilidade através da alimentação é recomendado uma avaliação com nutricionista para que esse profissional de saúde consiga indicar o que é melhor para você, da maneira mais assertiva possível.
Muitas vezes estamos com deficiência de alguns nutrientes que podem dificultar as chances de gravidez e, somente com exames específicos e avaliação de um especialista, essas alterações podem ser tratadas.
No entanto, de forma geral, alguns alimentos podem te auxiliar no processo de preparação para a gravidez. São eles:
- Alimentos ricos em vitamina E: essenciais para a saúde dos óvulos e espermatozóides. É possível encontrá-los na semente de girassol, semente de abóbora, abacate e castanha do pará.
- Alimentação rica em zinco: esse mineral é fundamental para saúde reprodutiva do homem e da mulher e estão presentes nas ostras, frutas secas, carnes, gema de ovo, centeio e aveia.
- Alimentos com vitamina B6: junto com o zinco, a B6 auxilia a produção de hormônios sexuais. São eles o brócolis, couve-flor, agrião e banana.
- Alimentos com gorduras boas: para obtê-los invista em peixes e castanhas, por exemplo.

Além dos nutrientes citados acima, as mulheres precisam consumir alimentos antioxidantes para melhorar a qualidade dos óvulos, como:
- Vitamina A ou betacaroteno: cenouras, damasco seco, batata doce, abóbora e agrião.
- Vitamina C: vegetais verdes, kiwi, pimentão, frutas cítricas e tomates.
- Selênio: castanha do Pará , couve, atum, cereais integrais e frutas secas.
- Fitoquímicos : presentes em vegetais e frutas de todas as cores, você encontra os fitoquímicos em mirtilos, beterraba, pimentão amarelo, melancia , toranjas rosadas e chás.
Para além da alimentação saudável, os hábitos de vida têm grande importância quando pensamos em aumentar a fertilidade. Por isso, é importante não fumar, evitar o excesso de bebidas alcoólicas, café e retirar do seu cardápio as bebidas sem valor nutricional, como refrigerantes e sucos industrializados ricos em açúcar.
Esses hábitos, comprovadamente, prejudicam a fertilidade e podem retardar uma possível gestação.
Hoje sabemos que a preparação é tão importante quanto o período de gestação para a saúde do bebê. Por isso, invista na sua saúde e marque uma consulta com um nutricionista especializado.
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